O assunto era saudade e eu só falei de você
- Beatriz Mouchrek
- 1 de set. de 2015
- 2 min de leitura

Tô num daqueles dias que a gente sente que a vida não gosta da gente. Como se não bastasse os ventos apontando para direções erradas o dia todo, quando chega a noite ainda tenho que me deparar com essa falta de você. Essa saudade eu já sei de cor..
Tá sempre faltando cor, faltando som, faltando uma presença, que é só sua. Saudade só é bonita na poesia, porque na vida, meu amigo, ela arde. Pra quem não conhece, já adianto que nada dói mais do que ver aquilo que era rotina virando saudade.
Uma simples xícara de café me lembra você sentada na poltrona gasta, lendo "O velho e o mar", assoprando a fumaça quente do café, e iluminando pasmosamente um canto qualquer da minha sala que costuma ser puro cinza. Mas ao olhar para o corredor frio, não mais preenchido pelas suas cantorias, a saudade vem me infernizar novamente. Como é possível que você esteja em tudo e em nada ao mesmo tempo?
Tenho pena, ou quem sabe até inveja da ingenuidade, de quem ainda acha que saudade é distância. Saudade é querer compartilhar momentos e não poder, mesmo estando poucos bairros distante.
Tenho que me conformar com você não estar mais aqui, e a pior parte é saber que eu poderia ter te dito mais o quanto você era importante e o quanto a sua falta seria sentida. Mas guardei isso tudo. Porque? Nem eu sei, mas costumo botar a culpa na minha esperança infindável de que nada nunca mudaria. Só agora aprendi que sem aviso a vida dá, e sem aviso a vida tira.
Se tem jeito de evitar saudade? Primeiro, fora o egoísmo, não deixe nada guardado em você. A gente tem essa mania de escoder tudo que é sentimento tão bem escondido que com o passar do tempo nem a gente mesmo sabe onde guardou, depois ainda nos pergutamos porque tudo que a gente ama se vai, se foi e ainda sem se despedir.
Acho que um bom começo é responder a seguinte pergunta: todo esse amor que você carrega, tá declarado ou você sonega?
B.
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