Eu me sentia infinito.
- Beatriz Mouchrek
- 17 de mai. de 2016
- 2 min de leitura

A névoa alcança minha janela e me provoca calafrios, me fazendo sentir falta como nunca senti daqueles dias que mesmo com termômetros marcando abaixo de zero, eram quentes. Quentes porque eu tinha você, aquecendo com sua ternura cada cômodo da casa e do meu coração.
Te perder me fez cinzento, matou a melhor parte de mim. As paredes do meu apartamento choram com saudade da sua voz. Os livros, hoje empilhados e empoeirados na estante, clamam pelo seu toque, como cada pedacinho de mim faz a todo momento.
Nem o brilho da tv, ou a luz dos holofotes das lotadas festas vazias que eu insisto em comparecer superam o brilho do seu olhar. Quando você me olhava, alcançando o que de mais profundo havia em mim, me fazia sentir completamente desnudo, confortavelmente nu como em tantos momentos ao seu lado. E assim, eu me sentia infinito.
Não eterno, mas infinito. Como se naquele momento, e só nele, não houvesse em mim qualquer ciência de finitude. Do amor, da carne, da alma, de nós. Existiam flores em qualquer caminho por onde eu passava. Neve, ruas, prédios, eram pra mim sempre floridos, sempre vivos, sempre alegres. Hoje não mais. Perdi meu filtro que coloria tudo ao meu redor. Sinto flores morrendo dentro e fora de mim. Espero um dia, e não tão tarde, entender os seus motivos, mas espero com ainda mais ansiedade que você entenda tudo o que trouxe para minha vida.
Entenda que pelo menos por alguns instantes eu esqueci meu mundo cheio de defeitos. Entenda que foi você quem me ensinou a ler as complexas poesias que estão em cada esquina da vida. Entenda que eu te amo apesar da falta que você faz, apesar de todo e qualquer obstáculo que obstruiu o nosso caminho.
Te amo até em outros planos que não chegamos a conhecer. E por todo esse amor, te quero feliz, livre, recebendo amor do mais puro, puro como o meu, de onde quer que venha. Amor suficiente para te envolver e te encher de luz, aflorando o que há de mais belo em você, e te mostrando sempre o melhor caminho, o que até hoje eu não sei se fui capaz de fazer.
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